Atauro: para poucos!

Logo pela manhã, seguimos ao porto para encontrar os jovens e embarcar para a ilha de Atauro. Da mesma forma que na Indonésia, o Timor Leste é formado por muitas ilhas, e Atauro é uma delas. Um vilarejo de pescadores com muitas crianças e adolescentes.

Para quem conhece Dili, a capital do Timor Leste, a impressão que fica é de que o país está em e se reconstruindo rapidamente após todo período conturbado de conflitos que passou.

Atauro é diferente! Chegando lá após aproximadamente duas horas de viagem, a sensação era que descemos em uma vila de índios na época do Brasil Colônia. Impressionante!

Caminhamos durante uma hora pela encosta da ilha, do porto ao vilarejo onde passamos a noite. Sol muito forte, trilha com certo grau de dificuldade e com a alimentação limitada chegamos a nossa casa, se é que podemos chamar de casa. Uma pequena tenda, sem iluminação, sem cama, muitos mosquitos e um banheiro sem o mínimo de infra estrutura para tomar um banho. Somente de caneca e pouca água!

Partimos de Dili acompanhados de vinte e seis (26) jovens. Nos acomodamos e fomos almoçar a convite do padre da comunidade. A tarde o Cacá passou um treino de capoeira, bate papo e roda para os jovens e para a comunidade local do vilarejo. Muito boa a energia e a participação de todos. Novo potencial para um futuro trabalho social com a comunidade.

Na volta ao alojamento, a janta foi preparada pelas meninas do MAC / Zungu de uma maneira bem peculiar e primitiva. Fogueira de lenha armada no chão! Um Mie Goreng (macarrão tipo miojo) saboroso e bem picante para nós brasileiros!

Sem luz, muito calor e alguns mosquitos, nos protegemos com protetor e dormimos de tanta canseira no chão de cimento queimado, que mesmo sendo duro resfriou o corpo do bafo quente de Atauro.

Na manhã de domingo, antes do nascer do sol já havia gente de pé. Uma linda vista do sol nascendo nos fez esquecer as dificuldades desta aventura. Seguimos por mais uma hora de trilha pela encosta da ilha até chegar em outro vilarejo de pescadores. Ainda mais simples porém com mais moradores Mak - ili nos surpreendeu ainda mais com as condições de moradia. Uma verdadeira aldeia indígena... Crianças brincando sem roupas, cantando, correndo e muito surpresas com a presença de dois ocidentais curiosos a respeito da cultura local.

Preparamos o material para a vivência com a comunidade enquanto todos participavam de uma missa católica na capela local.

Depois de encerrada a missa reunimos todos em uma grande roda debaixo de uma árvore para ficar em contato com a natureza, além de usufruir de uma gostosa brisa no meio de tanto sol e calor. Surpresa! Nunca tivemos tanta dificuldade de aproximação com as crianças do vilarejo. Tímidas, assustadas, mas muito risonhas e felizes não aceitavam as brincadeiras propostas. Depois de algumas tentativas dos jovens líderes do MAC / Zungu, Cacá e Sorriso conseguiram relativa interação com as crianças através de algumas brincadeiras e muito teatro e palhaçadas! Uma vitória emocionante... A comunidade aceitou e se encantou com a capoeira brasileira.

Trabalho encerrado voltamos, agora de barco (uma jangada de pesca), para o nosso alojamento. Mas não acabou. Sorriso ainda passaria uma aula aos jovens e aos interessados locais. Todos muito cansados e uma pequena chuva não foram problemas para a aula não acontecer. Mais uma vez a capoeira brilhou em Atauro!

Retornamos para o jantar e o descanso noturno, uma vez que de madrugada pegaríamos o barco de volta a Dili. Pegaríamos porque levantamos no horário combinado de saída do barco, 4h00 da manhã, mas os dois barcos pequenos não estavam a nossa espera. Depois de duas horas de atraso, finalmente pegamos o barco e voltamos para Dili.

Uma experiência fantástica, uma viagem ao auto conhecimento e ao conhecimento dos valores do ser humano isento de bens materiais. Uma natureza maravilhosa que ainda não foi explorada pelo eco turismo e esconde segredos de um cantinho especial do nosso planeta terra! ATAURO - TIMOR LESTE,

UM LUGAR PARA POUCOS...